Somos desde crianças estimulados pelos amigos a colecionar coisas como, álbuns de figurinhas, papeis de carta, selos, moedas, enfim, todo tipo de bugiganga que deixa as mães aflitas com a bagunça. Depois, quando adolescentes, colecionamos telefones, relógios, roupas de marca, CDs, DVDs. Ao nos tornarmos adultos, colecionamos viagens, amigos e, o que achamos principal: colecionamos dinheiro e ruinas.
Você olha sua conta corrente como quem olha uma coleção e vê o que já possui e o que falta conseguir para completar o “álbum”. Os gerentes de banco são especialistas em dizer-lhe que figurinha falta para conquistar seu objetivo. Eles vendem seguros, planos de capitalização e muitos outros produtos que completam o seu portfólio. Você já chegou a conferir seu extrato bancário e sentir um imenso prazer ao perceber que seus investimentos ainda estavam ali? Pois é… Você é um colecionador de dinheiro.
Mas não se preocupe com isso. Quando chegar a tal famosa terceira idade, você será um colecionador de remédios, genros, noras, netos e de dores conquistadas. E então, nos momentos finais de sua coleção, perceberá que a figurinha carimbada era a mais simples de todas, disponível desde o começo: o tempo.
Sim, o grande problema de quem coleciona coisas por impulso é nunca ter tempo para entender o que realmente possui e usufrui disso. A ânsia de querer mais, de buscar a próxima etapa, cega. A vida passa como se fosse um videogame, em que a próxima fase apaga a anterior.
Será que não é hora de repensar o que você já colecionou e o que pretende colecionar? Será que o motivo de sua próxima empreitada não é apenas acompanhar e imitar seus amigos? Lembro-me claramente de colecionar maços de cigarro durante minha infância. Não fumava nem tinha isqueiro, mas colhia nas sarjetas maços amassados e desprezados, só para ter o que meus amigos tinham. Como se pode inovar querendo ser igual aos outros? Que tal colecionar atos de amor e deixar de colecionar muitas ruinas?