Colunistas | Professor Adhemar | CELEBRAÇÃO NATALINA

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Natal é um convite à alegria coletiva. Os shoppings, com suas luzes e seus enfeites, enaltecem a celebração natalina. O próprio Natal representa nascimento, um “sim” à vida, à esperança, a um novo tempo. Pessoas que estruturam sua história sem a elaboração das perdas, dos abandonos, dos fracassos passados tendem a se deprimir em momentos de muita alegria. Esse fenômeno ocorre, às vezes, no dia do próprio aniversário, em dias de festas, em comemorações de júbilo. Uma depressão, por vezes reprimida, eclode em épocas como a das do Natal e a da passagem de ano.

O grande diferencial de Jesus Cristo, cujo nascimento comemoramos em dezembro, é a sua ressurreição. Morrer qualquer um morre. Ressuscitar são poucos. Passar três dias no inferno é a condição fundamental de dar a volta por cima, sacudir a poeira e recomeçar. Outro sentimento negativo que costuma aparecer no período do natalino é a culpa. Culpa por não atender às expectativas dos filhos com relação a presentes, culpa por não ter sido um marido ideal durante o ano, culpa por estar passando por uma crise no casamento, culpa por não estar feliz, culpa com relação à família.

O Natal é sempre apontado como uma época de harmonia, solidariedade e amor. E nem sempre conseguimos ser assim durante o ano. No final de ano começa a pressão para a procura do tempo perdido: expressar em um dia o que não foi feito durante o ano. Natal não é um dia, é o ano inteiro. Natal não é um ponto, é um processo. Natal é uma forma amorosa de viver. É um jeito competente de nascer e renascer sempre. Acredito que o Natal representa, sobretudo, a possibilidade de aprender, crescer, mudar de vida. Atravessar as dores, as tristezas, as angústias, com dignidade, sem se entregar, é a verdadeira face do Natal. A noite só escurece até meia-noite. Depois, começa a clarear.

Precisamos exercer a humildade, aceitando nossa condição humana, nossas imperfeições e erros, nossos sentimentos negativos, incluindo a tristeza que nos orienta e encaminha para o nascer do sol. Aceitar a condição humana, feita de altos e baixos, é o primeiro passo em direção à vida. Vivenciar a angústia, que representa emocionalmente a necessidade de mudar de vida, é a condição de quem quer ser feliz, mesmo que essa angústia apareça na época sagrada do Natal.

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