Patrocínio Paulista:- Certo dia uma lembrança despertou-se singela e graciosa de minha memória quando estava no vestiário da academia de natação, aprontando-me para mais uma de minhas aulas. Aulas que faço com muito gosto, desde que voltei de viagem das praias de Florianópolis.
De fato, Florianópolis possui muitas praias bonitas para conhecer e relaxar. No entanto, não me recordo o nome de todas as praias que visitei naquela viagem, mas lembro-me do nome de uma dessas praias, Joaquina. Assim como, recordo-me do vento frio, do sol manso, da cor clara da areia e das ondas que traziam a água fria até a orla.
Na verdade, a água estava praticamente gelada e por não saber nadar, molhar os pés para mim era suficiente. Entretanto, uma amiga queria sentir a água até os joelhos. Então, de forma inocente começamos a brincar de pular as tais ondinhas ardilosas, até que uma delas me desequilibrou e quando dei por mim, não sentia mais a areia sob os meus pés, pois a onda estava me puxando para trás em direção ao mar aberto.
Naquele momento com o vai e vem das ondas, com a aflição de não sentir o chão sob meus pés e sem a mínima noção da profundidade em que estava, percebi que sozinha não seria capaz de sair do mar. Por Deus, avistei um surfista, gritei por ajuda, e ele prontamente veio ao meu socorro. Ao chegar à praia, minha amiga estava em prantos, sentindo-se culpada por ter sido sua a ideia de entrarmos um pouco mais na água do mar.
Bom, quando voltei de viagem para casa vieram comigo na bagagem uma série interminável de pesadelos envolvendo mar, rios e canoas virando. Então, decidi fazer natação, mesmo com medo de entrar na água, para ver se os pesadelos iam embora. No entanto, tenho que admitir, após as primeiras aulas os pesadelos implacáveis e cada vez mais criativos tinha agora um novo tema para me atormentar, a piscina.
Depois de seis meses de aulas frequentes, os pesadelos foram se tornando inconstantes até desaparecerem totalmente. Por isso, a natação é hoje algo que faço com alegria e satisfação. É uma atividade que provoca em mim bem-estar físico e emocional. Quando estou em minhas aulas de natação, esqueço os problemas, a rotina e simplesmente, aprecio o momento.
Ao lembrar-me do que aconteceu em Florianópolis, na praia da Joaquina, tenho comigo que não deveria brincar com a água que ora batia nos joelhos ora na cintura. Devia ter ouvido uma sensação que me dizia para ficar apenas com os pés na água do mar. Contudo, aprendi uma lição para a vida: devemos sempre seguir nossos instintos.