Senhor, por onde andarei amanhã? De que me valerão as letras, os números, os mapas, se a História está perdida em mãos de ímpios e de infiéis? O que eu farei com os verbos flácidos de advérbios tantos? Por quais caminhos errarei, eis que o certo deixou de ser e a dúvida é Lei? Dai-me, Senhor, uma esperança. De pó ou de barro, que seja assim. De cores vivas ou cinzas ainda quentes, seja assim. De um vento que não venta ou de um oceano que não navega, seja assim. Seca a tinta da minha pena, Senhor, e faz com que da fonte morta brotem crianças puras. Deixo o poema. Deixo o palco. Pela esperança, Senhor, pela esperança. Quem sabe, assim, se queimem pecados e pecadores, enquanto retornam do mar os pescadores reavivados. Quem sabe…