Clima: chuvas irregulares e temperatura alta marcam período

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Avaliação do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé apresenta as condições meteorológicas durante os meses de agosto e setembro

Por Redação

Top down aerial view of Arabica coffee plants, captured in Minas Gerais, Brazil

O Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) constatou chuvas irregulares e temperatura alta nos municípios que são monitorados pela cooperativa. Antes de mais nada, os engenheiros agrônomos avaliaram durante os meses de agosto e de setembro.

Chuvas irregulares

De acordo com a avaliação, em agosto, as chuvas aconteceram de forma irregular e acima da média histórica nos municípios monitorados pela Cooxupé. Com exceção a Campestre, onde o acumulado mensal ficou ligeiramente abaixo da média histórica. São Pedro da União, pois, registrou o maior volume acumulado de chuvas (39,4 mm) e Patrocínio o menor, com apenas 11 mm mensal.

As chuvas que se concentraram, principalmente, no fim do 2º e 3º decêndio do mês de agosto (tabela 03) foram responsáveis pelo 1º florescimento significativo do cafeeiro. Isso segundo o levantamento na área monitorada pela equipe de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé.

Déficit hídrico

Agosto registrou temperaturas acima da média histórica. Acima de tudo, Guaxupé registrou a maior temperatura (35°C), enquanto Cabo Verde registrou a menor temperatura (7,1 °C).

Nesse sentido, as altas temperaturas associadas à intensa evapotranspiração e baixo armazenamento de água no solo causaram aumento significativo de déficit hídrico (tabela 04). Ou seja, um indicador da restrição de água a que os cafeeiros foram submetidos. E que pode impactar diretamente no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo do cafeeiro.

Água no solo

Além disso, o armazenamento de água no solo no fim de agosto permaneceu abaixo de 40 mm em todos os munícipios acompanhados. Assim, chamando atenção para Coromandel, Monte Carmelo e Rio Paranaíba, com armazenamento abaixo de 6,0 mm (tabela 01).

Na tabela 01, pois, podemos observar a ETp acumulado a partir de abril.  Em primeiro lugar, ETp é um indicador do processo de transformação das gemas vegetativas em gemas reprodutivas. Que serão responsáveis pela produção de 2024. Dessa forma, essa transformação estará completa quando a ETp acumulada atingir 335 mm.

Do mesmo modo, nos municípios localizados em maiores altitudes (São Pedro da União, Nova Resende, Campestre e Cabo Verde), o valor de referência (335mm) não foi atingido em agosto. Enquanto em municípios de menores altitudes (Alfenas, Alpinópolis, Campos Gerais, Carmo do Rio Claro, Coromandel, São José do Rio Pardo), o valor de referência foi atingido em agosto.

Setembro

Dessa forma, setembro foi caracterizado pelas altas temperaturas e precipitações abaixo da média histórica (tabela 02). Primordialmente, a temperatura média ficou em média 2,5°C acima da média histórica. As estações chegaram a atingir temperatura superior a 34,5 °C em todos os municípios monitorados. Ademais, São José do Rio Pardo registrou a temperatura máxima mais alta atingida, de 39,3°C. E Cabo Verde registrou a temperatura mínima mais baixa registrada durante o mês (10,1 °C).

Lembrando: as chuvas do terceiro decêndio de agosto (tabela 03) induziram à abertura floral dos cafeeiros, atingindo uma média de 40 – 60% da intensidade de florescimento nos municípios. Nesse sentido, flores estas que foram submetidas as altas temperaturas e baixo armazenamento de água no solo.

Temperatura

As altas temperaturas, associadas à ausência de chuva e elevada demanda de evapotranspiração, foram responsáveis pelo elevado déficit hídrico observado no mês de setembro, conforme tabela (04). Assim, chegando a registrar 94 mm de falta de água em Patrocínio, no Cerrado Mineiro, e 69 mm em Alpinópolis, no Sul de Minas.

Portanto, este é um indicativo de que as plantas foram submetidas à restrição de água. As poucas chuvas foram registradas no primeiro e terceiro decêndio do mês de forma irregular e mal distribuídas.

Amplitude térmica

Outro ponto de atenção é a grande diferença entre as temperaturas máximas e mínimas, gerando amplitude térmica. Desta forma, fator que pode alterar o metabolismo das plantas, causando maior consumo de energia. E, por consequência, alterando a redução de carboidratos ou mesmo interferindo no processo de divisão e diferenciação celular.

Estresse intenso aos cafeeiros

Especificamente, as condições meteorológicas desfavoráveis provocam intenso estresses aos cafeeiros que consomem energia e reservas. Provocando e intensificando, portanto, o processo de desfolha que já está acentuado. Isso em função da colheita e da alta pressão de ferrugem e bicho mineiro.

Abertura das folhas

Imediatamente após a antese, ou seja, a abertura das flores, inicia-se a etapa de intensa divisão, multiplicação e diferenciação celular. Neste momento, exige-se elevada demanda de energia (carboidrato).

Neste sentido, plantas desfolhadas, temperaturas elevadas, baixo armazenamento de água do solo e elevado déficit hídrico podem comprometer pegamento, formação e desenvolvimento dos chumbinhos. O que poderá resultar em redução na produção da safra.

Gemas vegetativas

Em suma, o processo de transformação das gemas vegetativas em gemas reprodutivas que será responsável pela safra de 2024 está completa. Isso quando todos os municípios analisados atingiram a ETp acumulada a partir de abril em mais de 335 mm (tabela 02). Estando, assim, preparadas para receber as condições meteorológicas favoráveis (água e temperatura) para estimular a abertura floral.

Na página da Cooxupé estão disponíveis para consulta todos os dados coletados pelas estações meteorológicas da Cooxupé.

Extraído do hub do café

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