Censo Agropecuário revela aumento no número de estabelecimentos em MG

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Pesquisa também aponta o envelhecimento da população rural e a mecanização no campo

 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (26) os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2017. Em Minas Gerais, o coordenador técnico do censo, Humberto Silva, apresentou em coletiva de imprensa os destaques regionais. Além de manter a liderança na produção de café e leite no país, os dados chamam a atenção para o aumento no número de estabelecimento agropecuários e em sua área total, o crescimento das áreas irrigadas, assim como a expressiva ampliação de estabelecimentos com acesso à internet, entre outros temas.

Em relação ao Censo Agropecuário realizado em 2006, Minas Gerais identificou um acréscimo de 10% no total de estabelecimentos, saindo de 551.621 para 607.448. Já a área total saltou 14% nesse período, agregando mais 4,8 milhões de hectares (o equivalente à área do estado do Rio de Janeiro). Uma das justificativas é o trabalho minucioso de cobertura do território estadual, com o amparo de novas tecnologias que facilitaram o deslocamento e acompanhamento do percurso em campo, e também a crítica das informações coletadas. “A qualidade do censo me surpreendeu. Quando a gente compara os dados que foram feitos pelo IBGE com aqueles de outras instituições, que são mais gerais, esses números coincidem e falam a mesma língua”, apontou Silva.

Entre as culturais mineiras tradicionais, foi destacado o grande aumento de produtividade do setor leiteiro, já que a quantidade produzida do produto cresceu 55% ainda que o número de bovinos tenha apresentado estabilidade.

Outro grande destaque é a alta de 2.114% no número de estabelecimentos com acesso à internet, percentual superior à média nacional (1.790%). Humberto Silva avaliou que esse movimento já era esperado, considerando que a conexão à rede cresce não somente no meio rural como também no urbano. “O produtor sempre procura uma evolução, e a informação é a base disso”.

Minas Gerais também se sobressaiu no incremento da área irrigada, a qual mais que dobrou no período, crescendo 116%, frente a 52% no Brasil. Um dado que, segundo Silva, deve ser analisado: “essa água utilizada na agricultura pode concorrer com a água para abastecimento humano nos períodos de estiagem”.

Envelhecimento e mecanização são tendências no campo
Quando analisados aspectos sociais dos produtores rurais, observa-se a tendência de êxodo rural e envelhecimento da população, situação que vem se consolidando nos últimos censos e reflete um movimento também a nível nacional. Enquanto em 2006 os produtores com mais de 45 anos representavam 67% do total em Minas Gerais, em 2017 eles eram 76%, frente a 70% no Brasil.
Por outro lado, houve queda de 3,8% no total de pessoas ocupadas no estabelecimento. Uma das explicações é o aumento da mecanização no mesmo período, por meio do acréscimo de 77% no número de tratores nos estabelecimentos estaduais.

Cresce o número de estabelecimentos mineiros que utilizaram agrotóxicos
Entre 2006 e 2017, o número de estabelecimentos mineiros que utilizaram agrotóxicos aumentou 60%, enquanto no Brasil o percentual foi de 20%. Humberto Silva explicou que, ainda que esse dado pareça alarmante num primeiro momento, é importante ressaltar que apenas 30% do total de estabelecimentos agropecuários em Minas Gerais usaram esse produto, percentual menor do que o Brasil (36%).

Humberto Silva esclareceu que “esse valor precisa ser entendido de uma forma mais ampla, levando em consideração que no período também aumentou o número total de estabelecimentos no estado. Há casos de outras unidades da federação em que se reduziu o número de estabelecimentos que utilizaram o produto, porém a redução no total de estabelecimentos recenseados foi maior ainda, indicando um aumento na proporção de estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos. Dessa forma, ainda que tenha crescido o número de estabelecimentos que usaram agrotóxicos em Minas Gerais, isso não necessariamente significa que houve aumento do volume, pois o censo não pesquisou a quantidade de agrotóxicos utilizados, nem a área ou em quais atividades, mas apenas a quantidade de estabelecimentos que usaram no período da pesquisa. Na divulgação definitiva, será disponibilizado também o valor monetário gasto com as despesas com agrotóxicos”.

O Censo Agropecuário 2017 visitou mais de 7,5 milhões de endereços em todo o país, dos quais 5.072.152 foram identificados como estabelecimentos agropecuários. O trabalho de crítica qualitativa dos dados segue em andamento e, portanto, os resultados preliminares estão sujeitos a alterações. Os dados consolidados devem ser divulgados em 2019.

Foto: Fernanda Silva

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