Entidade promove a imagem de respeito da cafeicultura brasileira a questões ambientais, sociais e trabalhistas
O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, participou, no sábado, 1º de abril, em Afonso Cláudio (ES), do 2º Encontro de Amigos do Viveiro Terra Viva, quando falou a respeito da representatividade da entidade e seus associados, que respondem por 96% dos embarques cafeeiros do país, nos principais fóruns nacionais e globais do setor.
“Em termos de comunicação, em todos os eventos, aqui e lá fora, o Cecafé não é apenas a voz dos exportadores, mas principalmente dos produtores. O Brasil não se sustentará se a nossa cafeicultura não atender aos anseios do consumidor global, que demanda mais cafés de qualidade e que respeitem questões ambientais, sociais e trabalhistas e o trabalho do Cecafé é realizado nesse sentido, de promover a sustentabilidade dos cafés do Brasil”, destaca.
Segundo ele, todos os clientes internacionais exigirão total rastreabilidade do café que está consumindo, envolvendo identificação, quem exportou, em qual armazém foi preparado, de quem foi adquirido, mas, principalmente, qual é o produtor daquele café.
“Por isso temos trabalhado para evidenciar, cada vez mais, a imagem de todo o respeito que a cafeicultura brasileira tem sobre esses aspectos demandados, demonstrando, inclusive, que a cafeicultura brasileira é carbono negativo, retirando gases de efeito estufa da atmosfera e ajudando a mitigar o aquecimento global. Toda essa iniciativa do Cecafé é para mostrarmos que o país está sempre preparado para os desafios e que pode transformar esses desafios em oportunidades, uma vez que é vanguarda e exemplo de sustentabilidade”, completa.
Ferreira concluiu a participação enfatizando sua alegria, como superintendente da Tristão, de estar à frente da presidência de Conselho do Cecafé, representando uma empresa capixaba, que começou exatamente em Afonso Cláudio, há 88 anos.
Também presente ao encontro, o secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli apresentou dados do agro capixaba, contextualizando com a agenda nacional do setor, e, ao comentar a importância desse segmento, destacou o papel da agricultura familiar, público ao qual anunciou que o governo do Estado autorizou a criação de uma subsecretaria voltada exclusivamente aos pequenos produtores.
Ele destacou que, das mais de 108 mil propriedades rurais do Estado, aproximadamente 70% possuem café, ou seja, a cafeicultura é muito importante para os capixabas, por isso explicou a quantidade de investimentos que o governo faz no setor, porque uma crise na atividade cafeeira, além dos impactos econômicos, pode representar um “caos social”, já que o cultivo se dá majoritariamente por agricultores familiares, que são mais dependentes de ações e políticas públicas.
O secretário recordou que a produção necessita do mercado, que sinaliza desejo por mais qualidade e sustentabilidade. “Hoje, o produtor recebe adicional de preço produzindo qualidade com sustentabilidade, mas, em um futuro não muito distante, quem não tiver isso estará fora do mercado. (…) Os critérios ESG também evidenciam que as pessoas não querem um produto apenas para saciar a fome, querem um produto que atendam a um conceito”, alerta.
O deputado federal Evair de Melo, vice-presidente da Frente Parlamentar do Café e ex-presidente do Incaper, destacou a evolução da qualidade da cafeicultura capixaba, recordando que, no início dos anos 2000, ele previa que os investimentos, feitos à época, levariam 20 anos para dar os resultados e que, hoje, as conquistas dos cafés do Espírito Santo são graças ao empenho e à crença dos que acreditaram e começaram esse trabalho lá atrás.
Ele citou, ainda, que havia provado, um dia antes do evento, um café capixaba que será embarcado – um contêiner – para a Suécia, composto de lotes de 12 produtores do Estado, ao preço médio de R$ 2.500,00 por saca, e que esse é exatamente um dos reflexos de todo esse sucesso atual consequente dos trabalhos iniciados há pouco mais de 20 anos.
Melo também falou que “a solução dos nossos problemas está em nós mesmos”. Exemplificou que o SICOOB ES praticou, nos últimos cinco anos, a devolução de capital (participação nos lucros) da ordem de R$ 1 bilhão. “Se fosse outra instituição, esse dinheiro estaria na ‘Faria Lima’. A solução de nossos problemas está no compartilhamento. Se sua propriedade está bombando, compartilhe com seu vizinho, pois, do contrário, por exemplo, a broca na lavoura dele poderá estar na sua no próximo ano”, finalizou o parlamentar.
Fonte: Cecafé
Extraído do Notícias Agrícolas
Foto: Portal Campo Vivo