Um tipo de fusariose vem atacando o tronco de cafeeiros na região noroeste do estado do Rio de Janeiro, trazendo dúvidas aos técnicos locais e aos produtores, que estão preocupados com a estranha mortalidade de plantas em suas lavouras.
Os problemas com a doença ocorrem em cafezais mais velhos, nas áreas onde estão sendo feitos o decote das plantas e a recepa (se agravando em regiões onde ocorre o segundo ciclo para a recuperação da plantação). Isto indica que a fusariose pode estar sendo transmitida pelas ferramentas de poda ou pelos buracos que as mesmas causam nos troncos, facilitando a entrada dos fungos. A ocorrência não tem sido registrada em lavouras novas.
Muitas plantas se mostram fracas e começam a apresentar amarelecimento geral da folhagem. Algumas, que iniciam a brotação pós-recepa, tem seus brotos secos e acabam morrendo completamente. Já outras chegam a reformar a copa, porém na primeira ou segunda safra, amarelecem, secam e morrem. Estas situações, em certos casos, acontecem em 30 a 40% das plantas originais podadas, resultando em uma lavoura falhada.
Ao se cortar o tronco, pode-se ver no lenho, pouco abaixo da casca, listras de cor vermelho amarronzado de cima a baixo. Estes sinais indicam sintomas típicos de fusariose. Ao entupir os vasos, ocorre a interrupção de fluxo de seiva para a parte aérea do cafeeiro, que fica deficiente e acaba morrendo. Muitas vezes, apenas um lado ou certa haste da planta morre, enquanto a outra permanece normal, verde. Isto acontece porque a absorção/translocação da seiva no cafeeiro ocorre de forma axial, ou seja, as raízes e os vasos de um lado do tronco suprem apenas aquele lado da planta.
A região noroeste do Rio de Janeiro possui uma área cafeeira expressiva de café arábica em altitudes entre 500 e 800 metros, que abrangem, principalmente, os municípios de Natividade, Varre-Sai, Porciúncula e Bom Jesus do Itabapoana, zonas montanhosas com pequenos produtores. O parque cafeeiro local é estimado em cerca de 10 mil hectares de cafezais e, segundo levantamentos feitos, a doença já atinge 500 hectáres.
POR JOSÉ BRAZ MATIELLO
Fonte: CaféPoint