Movimento regenerativo do setor cresce no Brasil, impulsionado por produtores que buscam aliar sustentabilidade, rentabilidade e qualidade dos cafés especiais
O interesse de produtores e produtoras de café em adotar práticas sustentáveis e regenerativas tem aumentado de forma expressiva nos últimos anos, impulsionando o avanço da cafeicultura regenerativa no Brasil. É o que observam Matheus Franco Severino, Analista de ESG da Cooxupé, e Felipe Miranda, Engenheiro Agrícola da SMC Specialty Coffees. Ambos destacam que essa tendência reflete não apenas a resposta às mudanças climáticas, mas também a compreensão de que a responsabilidade ambiental gera resultados econômicos e sociais positivos.
“Percebo um aumento significativo no interesse em adotar práticas mais sustentáveis e regenerativas”, afirma Matheus Franco. “As mudanças climáticas têm sido um fator determinante: muitos buscam alternativas que ajudem a mitigar efeitos como escaldadura das folhas, geadas, secas e chuvas de granizo, que afetam diretamente a produtividade e a qualidade do café”, completa.
Uma mudança de mentalidade no campo
Além dos impactos climáticos, há uma transformação de mentalidade em curso.
“Muitas famílias produtoras já acreditam profundamente nos benefícios dessas práticas e se inspiram em experiências bem-sucedidas, reconhecendo que o retorno econômico está ligado à responsabilidade social e ao compromisso ambiental.
Mais do que uma resposta ao clima, a sustentabilidade vem sendo encarada como um caminho para deixar um legado positivo para as próximas gerações”, complementa Matheus.
Do manejo isolado à integração regenerativa
Felipe Miranda reforça que, embora técnicas regenerativas já fossem aplicadas pontualmente há anos, o desafio atual é ampliá-las e integrá-las ao manejo das lavouras.
“Mesmo quando aplicadas de forma isolada, essas práticas já mostravam impactos positivos na condução das lavouras e na proteção dos recursos naturais.
O Projeto Cafeicultura Regenerativa da Cooxupé surgiu justamente para levar bases científicas aos cooperados e cooperadas, e potencializar esses resultados.
O aumento da procura está ligado à maior consciência ambiental e à busca por rentabilidade e cafés de alta qualidade”, diz.
Projeto Cafeicultura Regenerativa: ciência e cooperação
Resultado da parceria entre Cooxupé, EPAMIG (por meio da pesquisadora Madelaine Venzon), Clima e Grow Grounds, o Projeto Cafeicultura Regenerativa apoia produtores na transição para modelos de cultivo mais sustentáveis, baseados em princípios regenerativos.
Sustentabilidade e qualidade: uma relação direta
Entre os produtores e produtoras de cafés especiais, a adesão às práticas regenerativas é ainda mais evidente, já que há uma conexão direta entre sustentabilidade, qualidade e valorização de mercado.
“Essas práticas resultam em lavouras mais resilientes, além de maior consistência safra após safra”, comenta Matheus. “A preservação do solo, da água e da biodiversidade se traduz em cafés que carregam, além de sabor, uma história de cuidado e responsabilidade.”
Essa visão reforça a sinergia entre as estratégias ESG da Cooxupé e da SMC Specialty Coffees, que apresentam suporte técnico, incentivo de mercado e valorização do trabalho exercido pelas famílias cooperadas.
Consumidores mais exigentes impulsionam o movimento
“O mercado de cafés especiais é singular e envolve muito mais do que simples negociações”, destaca Felipe.
“Há grande interesse por parte do grupo consumidor em conhecer a origem do café – quem produz, onde e como.
A cafeicultura regenerativa torna-se, assim, potencial ferramenta para conquistar esse nicho e fortalecer a imagem de quem produz.”
A força das boas práticas no campo
Segundo o engenheiro agrícola, a qualidade do café depende da interação entre fatores ambientais, genéticos e de manejo.
“Boas práticas regenerativas proporcionam plantas mais saudáveis e equilibradas, capazes de entregar uma excelente matéria-prima.
Isso permite que as decisões ao longo da produção potencializem ainda mais a qualidade final”, explica Felipe.
Um caminho para o futuro da cafeicultura brasileira
Ao unir ciência, conscientização e propósito, as práticas regenerativas fazem parte de um movimento crescente dentro da cafeicultura regenerativa brasileira, combinando sustentabilidade e prosperidade, e apontando para uma produção com responsabilidade compartilhada e foco nos pilares ambiental, econômico e social.
Por: Hub do Café
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