Marcas nacionais repaginaram seus produtos e conseguiram surfar na alta global de preços da commodity, especialmente em países asiáticos
Campeão em produção de café, com 55 milhões de sacas de 60 quilos por ano, o Brasil assumiu lugar de destaque pela qualidade no mercado global da commodity. Como resultado, está conseguindo surfar a boa onda dos preços globais e a consolidação de grandes mercados na rota do grão. Dessa forma, é o caso de Londres, onde um espresso pode sair por R$ 25 após mais que dobrar de preço. E países da Ásia, como China e Coreia do Sul, onde a bebida desbancou o chá. Assim, marcas brasileiras ganharam destaque, o café brasileiro bateu recorde de exportação e virou queridinho na Ásia.
Queridinho na Ásia
Antes de mais nada, um exemplo de peso é o acordo assinado neste ano, com o governo federal, para exportação de 120 mil toneladas para as 16 mil lojas da Luckin Coffee. Ou seja, a maior rede de cafeterias da China. Já faz pouco mais de duas décadas que a indústria do café brasileiro vem colecionando histórias do acerto de estratégia para transformar sua imagem no exterior. Melhorando, nesse sentido, a percepção de qualidade do produto.
“O Brasil é o maior produtor mundial, seguido por Vietnã e Colômbia. Entretanto, o café colombiano sempre foi mais conhecido lá fora, considerado especial. Mas, recentemente, a saca de café brasileiro começou a ser aceita com pequeno deságio como padrão de liquidação do mercado futuro de Nova Iorque, que usava apenas o grão da América Central e Colômbia”, resume o pesquisador Renato Garcia Ribeiro. Sobretudo, ele é responsável pela área de café no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
De antemão, Ribeiro explica que a inflação do cafezinho em Londres, que agrada os produtores brasileiros, reflete a alta dos preços gerais da commodity. De dezembro para cá, o preço da saca da variedade robusta subiu 64% por conta, principalmente, das dificuldades climáticas no maior produtor, o Vietnã, que enfrenta uma forte seca. Já o tipo arábica, que tem a maior produção, aumentou 36%.
Líder de mercado
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o Brasil é líder no mercado de arábica. Isto é, com 40% da produção mundial. É neste segmento, portanto, que se posiciona também a maior parte dos cafés especiais.
Em maio, por exemplo, o café brasileiro bateu recorde de exportações, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Foram 4,4 milhões de sacas, aumento de quase 80% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Sustentabilidade
“O mercado mudou muito e o mundo não vive mais sem o Brasil, que produz mais, melhor e da forma mais sustentável”, afirma Henrique Sloper, produtor e exportador da Fazenda Camocim.
Aliás, ele lembra que o grão brasileiro era considerado um “filler coffee”, um preenchedor, nas misturas (blends) das torrefadoras. Agora, Solter conta que os estandes do país e das exportadoras brasileiras em uma feira da Coreia do Sul têm fila e que ele chega a dar autógrafos.
Nessa onda, pois, há grãos do Brasil vendidos com prêmio de quase 8.000% . Como o Jacu Bird, que ele produz na Camocim a partir do café excretado pela ave endêmica da América do Sul. Que come a fruta, mas não digere o grão. Assim, passando por um processo de fermentação que acaba conferindo notas especiais ao pó após a higienização, a torra e a moagem.
“Esse tipo de café exótico, raríssimo, que tem uma produção limitada, é precificado como um vinho de safra especial”, explica. Inclusive, o produtor ressalta o trabalho da Brazilian Speciality Coffee Association para reconstruir a marca do Brasil no exterior e reconquistar esse mercado.
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Por: Hub do Café