Comissão busca soluções para obstáculos que prejudicam o desenvolvimento do modal ferroviário em Minas Gerais.
Menos entraves e burocracia, além de mais esforços conjuntos para garantir investimentos e alavancar o desenvolvimento do modal ferroviário no Estado. Essas foram algumas das questões abordadas em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quinta-feira (21/10/21).
Presidente da comissão e coautor do requerimento para o agendamento da reunião, o deputado João Leite (PSDB) fez um resumo sobre o trabalho e as contribuições da ALMG para o transporte sobre trilhos, citando normas aprovadas na Casa que formaram “um arcabouço legal para a facilitar e agilizar a operação de ferrovias no Estado”.
Criticando a “situação caótica do transporte de passageiros por ônibus” entre Belo Horizonte e o seu entorno, João Leite lamentou que, comparada a outras seis grandes capitais brasileiras, BH seja a única a não possuir um trem que a ligue à sua região metropolitana.
O parlamentar também abordou a situação de um terreno ocupado no Belvedere, na Capital, que estaria travando a efetivação da proposta da linha Belvedere-Olhos d’Água. Ele pediu uma solução positiva para a realocação dos moradores e a retomada da área ferroviária.
Por fim, João Leite ressaltou sua expetativa de que a comissão possa contar com o apoio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) em um esforço conjunto em prol da revitalização da malha ferroviária no Estado.
Apoio confirmado pelo presidente da instituição, Thiago Toscano, que também lamentou a limitada ligação a BH por ferrovias. Ele destacou a reativação da malha ferroviária mineira é um trabalho que vai demorar anos. “Estamos a uma hora de voo de mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Com uma hora, voamos a São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória, mas ainda patinamos na questão das ferrovias, que é um trabalho de longo prazo, o que dá mais relevância ao empenho desta comissão”, salientou.
Investimentos
Jershon Morais, presidente do Circuito Turístico Serras de Minas, lamentou a burocracia e outras dificuldades que causariam a perda de investidores em potencial. Conforme informou, há um grupo interessado em investir R$ 300 milhões no Estado, investimento dificultado por empecilhos como a falta de solução para o terreno ocupado no Belvedere ou a demora na liberação de documetos e licenças.
O professor Humberto Alvim criticou os “mirabolantes” valores que costumam ser apresentados quando o assunto é investir na construção ou retomada de trechos de ferrovias, como o suposto custo de R$ 100 milhões para os três quilômetros entre a estação Dr. Lund e Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para ele, esses números “irreais” são a primeira barreira para que o modal ferroviário seja efetivamente reativado no Estado.
De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Virginia Oliveira, Minas Gerais está em uma fase inicial de uma gama de benefícios que as ferrovias podem trazer, “agregando qualidade de vida aos cidadãos e garantindo soluções correlatas a um transporte mais barato e, portanto, capaz de viabilizar uma série de outras atividades e iniciativas no Estado”.
Retomada – A superintendente de Transporte Ferroviário da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), Vânia de Pádua Cardoso, citou investimentos que envolvem autorizações que estão sendo requeridas junto ao governo federal para projetos em Minas Gerais e quase 2,4 mil quilometros de novas ferrovias. “Estamos resgatando, temos um processo de retomada ferroviária no País e no Estado”, afirmou.