Desempenho representa leve queda de 2,2% ante 2021 e surpreende diante dos entraves logísticos no comércio marítimo mundial e do conflito entre Rússia e Ucrânia
Segundo relatório estatístico da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), as exportações nacionais do produto totalizaram o equivalente a 1,873 milhão de sacas de 60 kg no primeiro semestre deste ano e geraram uma receita cambial de US$ 323,5 milhões. Na comparação com os dados registrados entre janeiro e o fim de junho de 2021, o desempenho atual representa uma queda de 2,2% em volume, mas alta de 34,6% em valor.
O diretor de Relações Institucionais da entidade, Aguinaldo Lima, anota que a performance até agora surpreende, principalmente em volume, que recuou pouco diante das expectativas. “O resultado aferido no primeiro semestre é interessante diante da crise logística no comércio marítimo global e dos mais de quatro meses de conflito entre Rússia e Ucrânia”, comenta.
“No primeiro semestre, a guerra fez com que as importações russas e ucranianas de café solúvel do Brasil caíssem, juntas, quase 126 mil sacas, potencializando um declínio previsto em função dos gargalos logísticos. Por outro lado, as indústrias brasileiras ampliaram, de 45% a até 534%, suas vendas com outros 24 mercados, com destaque para Myanmar, Canadá, Reino Unido e Colômbia, que figuram entre os 10 principais destinos do produto nesses seis meses”, completa.
Para Lima, quando se olha sob o prisma de mercados novos e potenciais, também é válido destacar o desempenho dos embarques para a China. “Os chineses vêm ampliando paulatinamente suas importações do solúvel brasileiro e, atualmente, ocupam a 28ª posição no ranking dos principais parceiros. De janeiro ao fim de junho, o país asiático adquiriu 14.575 sacas do produto, apresentando um crescimento de 148,3% frente ao primeiro semestre de 2021”, informa.
Ele argumenta que um dos motivos para o desempenho alcançado até o momento é a capacidade de produção e obtenção de novos clientes das indústrias nacionais de café solúvel, aliada a uma leve melhora logística, o que permite que o Brasil siga honrando seus compromissos e mantendo seu market share, “lembrando que essa performance ainda é resultado das comercializações fechadas ao longo de 2021”.
O diretor da Abics pondera, contudo, que, apesar do desempenho acima do esperado, a continuidade dos gargalos logísticos, dos altos custos da matéria-prima e, em especial, dos impactos da guerra faz com que o segmento permaneça apreensivo e preocupado.
“A apreensão aumenta quanto ao desempenho do segundo semestre, pois são vendas efetivadas no final de 2021 e início de 2022, que incorporam os custos maiores dos cafés robusta e arábica, impactando diretamente na competitividade internacional de nossos produtos. Não há um cenário nítido para o futuro sobre logística, custos e guerra. Precisamos seguir monitorando constantemente e procurando soluções para mitigar os significativos impactos disso tudo”, analisa.
DESTINOS
No primeiro semestre de 2022, o Brasil exportou seus cafés solúveis a 104 países, com os Estados Unidos sendo o principal cliente. Os norte-americanos importaram 386.015 sacas até o fim de junho, o que representa 20,6% do total. Na sequência, vêm Argentina, com 154.137 sacas (8,2%); Indonésia, com 136.755 sacas (7,3%); e Japão, com 94.688 sacas (5,1%).
A Rússia, ainda segurada pelas importações feitas antes da guerra, fecha o “top 5” dos principais parceiros comerciais do café solúvel nacional. Nos seis primeiros meses deste ano, com representatividade de 5% das exportações totais, os russos compraram 94.103 sacas, volume que implica queda de 44,5% na comparação com as 170 mil sacas observadas no mesmo período de 2021.
Fonte: ABICS
Extraído do Notícias Agrícolas
Foto: Revista Globo Rural