Em uma de minhas palestras de improviso aos Cristãos do Novo Mandamento, Amigos de Jesus, discorri sobre importante lição encontrada na “Parábola do Bom Samaritano” (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 10:25 a 37). Vemos no comportamento daquele homem — representante de uma comunidade desprezada no passado — a verdadeira forma de viver do Cidadão do Espírito, portanto, solidário que há décadas pregamos.
O Irmão caído na estrada, todo ferido, quase morto simboliza a própria sociedade, visto que muitos passaram ao largo das multidões dos enfermos e combalidos, dos salteados e explorados ao longo dos séculos. Então, a samaritana Legião da Boa Vontade se apresentou e está tratando as chagas, curando as doenças, mitigando a sede, alimentando os famintos, levantando os desvalidos…
Isso é Política de Deus, a Política para o Espírito Eterno do ser humano — a vivência plena da Caridade Completa, ou seja, Material e Espiritual.
Quem não souber as Normas do Governo do Cristo, expressas em Seu Santo Evangelho-Apocalipse, não poderá governar coisa alguma. Aos Seus discípulos, Ele ordena:
— Ide e pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios, dai de graça o que de graça recebeis. Vesti os nus, alimentai os famintos, amparai as viúvas e os órfãos (Evangelho, segundo Mateus, 10:7 e 8; Epístola de Tiago, 1:27).
Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, é a cura de que a humanidade precisa.
A narrativa sobre o bom samaritano — que, diferente de outros “indiferentes” ao sofrimento alheio, parou e socorreu o homem que havia sido roubado, espancado e deixado semimorto na estrada — evidencia que não basta unicamente instruir e educar. É imprescindível reeducar com espírito ecumênico, isto é, sem ódios, para que se alcance a espiritualização da criatura, bem como exprimir a todos os seres espirituais e humanos a importância da Compaixão, da Solidariedade, da Generosidade, do Entendimento para que haja povos realmente cordiais. Daí pregarmos a Globalização do Amor Fraterno. Costumo dizer que cada espaço conquistado pelo Amor é perdido pelo ódio.
O desafiante Voltaire (1694-1778) escreveu em Ériphyle, ato II, cena 1:
— Os mortais são iguais. Não é o nascimento, mas apenas a virtude que estabelece a diferença entre eles.
Cícero (106-43 a.C.), um dos mais respeitados oradores e pensadores políticos romanos, no capítulo 16, livro I, de sua obra De Officiis, vem ao encontro do meu raciocínio quando comenta o pensamento do dramaturgo e poeta épico romano Quinto Ênio (239-169 a.C.):
— Ênio deu um exemplo do que é comum a todos, e podemos facilmente usá-lo de forma mais ampla: “Quem gentilmente mostra ao errante passageiro a estrada, por onde há de ir,/ faz como quem acende com sua luz outra luz:/ não brilha menos a sua, quando a de outro se alumia”. Vemos, por essas palavras, que o que se pode doar sem o nosso prejuízo, se deve dar, ainda que a um desconhecido (…). Sirva, pois, para o nosso uso, e sempre de alguma sorte para o benefício comum.
Em síntese, o grande tribuno romano, mutatis mutandis, expressa a ideia que:
— Os homens devem fazer o que, sendo útil a eles, o seja também aos demais.
É de Cícero igualmente a máxima, que consta de seu Pro Plancio, capítulo 33, parágrafo 80:
— A gratidão não é apenas a maior das virtudes, mas a mãe de todas as outras.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com