Colunista | Professor Adhemar | QUANDO A VIDA FLUI

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Há muitos anos o Velho Souza me contou uma história que existiu um povoado onde sempre reinava a paz e a harmonia. Seus moradores viviam felizes, pois cada um desfrutava o que tinha e não suspeitava do próximo. Um dia, porém, as coisas começaram a se modificar: sem saber muito bem por que, uns começaram a invejar os outros e, por causa dessa inveja, os outros começaram a falar mal uns dos outros, A princípio, acreditou-se que era somente por desejo de distração, para ter algo novo para se falar, uma brincadeira inofensiva. Passaram-se os dias e as sementes da maledicência se enraizaram nos corações dos habitantes do lugar. E foi assim que pouco a pouco, a paz, a felicidade e a prosperidade que eram naturais foram desaparecendo e deram lugar ao rancor, à inveja e às suspeitas. Quase sem que ninguém se desse conta, o sofrimento, algo desconhecido para todos, começou a fazer parte da vida da cidade.
As discussões e ameaças começaram a ser cada vez mais constantes, até que alguém se lembrou de que no alto da montanha vivia um antigo sábio, talvez o mais velho da região, imerso em profunda meditação. Então o povo do lugar subiu a montanha até onde morava o velho sábio. Aproximou-se com respeito e explicaram-lhe : “Não sabemos o que está acontecendo. Antes, vivíamos felizes; sem percebermos, tornamo-nos pessoas desconfiadas. Fechamos as portas de nossas casas e olhamos o nosso vizinho; como um inimigo”.O sábio ancião os escutou em silêncio. Depois, fechou os olhos e meditou. No fim de três horas, o sábio abriu os olhos, olhou para eles e disse-lhes: “ A vida flui. Todos os habitantes do povoado repetiram em um respeitoso murmúrio as palavras do santo: “ A vida flui. A vida flui. Claro, a vida flui. Tem razão, a vida flui…”
Foram bons anos, tempo de felicidade recuperada… que duraram até que, sem que ninguém soubesse como, voltaram os comentários, os cochichos, as fofocas mal disfarçadas… E daí vieram os conflitos, a ambição e a necessidade de poder.
Voltaram a consultar o ermitão, já tão velhinho, mas mais sábio. Expuseram as mazelas a ele: ausência de sentido de vida, o desespero e a falta de felicidade e de alegria e pediram ao respeito homem que dissesse qual era o sentido da vida. O santo homem os escutou, fechou os olhos e depois de um dia de meditação abriu os olhos, olhou cada um dos presentes e disse: “ a vida flui” . Então um deles se adiantou e disse: – Como a vida flui? Eu não a vejo fluir.E o sábio ancião olhou para ele e, encolhendo os ombros num ato de ceticismo e infinito amor, murmurou: -Se não flui, não flui. Enquanto se afastavam em silêncio compreenderam que, durante anos, o sábio tentava transmitir-lhes: a vida era o que cada um construía com seus pensamentos, palavras e ações.
Se não lhe agrada o que você está colhendo na vida, pergunte-se sempre o que é que você está semeando. Quando a vida flui com facilidade, é preciso desfrutá-la; quando se detém por algum obstáculo, é preciso recuperar a fluidez, o respeito e o amor em nossa mente.

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