Estava no lugar que mais detesto, hoje pela manhã: um daqueles bancos populares gigantescos, lotado, cheio de gente mal-encarada fazendo nada pelos cantos, gente fazendo pergunta esquisita, pedindo informação estranha, entreolhando-se de forma suspeita. Parecia existir algum plano em execução, discreto e rápido, sem ser notado. O Segurança da agência bancária parecia um coelho sob efeito de LSD. Colocava a mão no coldre com frequência, olhava assustado para todos lados, destravava a arma, sacava, recolocava no coldre, preocupado e com muito medo. Aquele é suspeito, aquele outro também, esse está armado e aquele tem um pacote na mão. Enquanto isso a porta giratória travava a todo instante com as pessoas esvaziando bolsos e sacolas. Não escapava ninguém. Havia filas para entrar na agência, todos de cara feia a mal-humorados. Tem uns, que de tão feios quando bravos, ficam impressionantes. De repente uma senhora grávida tenta entrar e fica presa na porta! A mulher segura apenas um boleto bancário e uma nota de R$ 50,00. Como não conseguiu entrar, voltou e fez um escândalo impressionante. Gritou, pulou, mostrou uma barrigona horrível, parecia de borracha. Berrou até ficar arroxeada. Rasgou o dinheiro e o boleto e caiu. Abana daqui água dali, e logo um médico no local ajudou a senhora a levantar. Eu estava do lado de fora da agência, observando, enquanto meu pai saiu apressadamente por causa do tumulto. Fomos para casa, calados e pensativos. Quando chegamos, soubemos por um vizinho que a agência bancária havia sido assaltada por uma falsa grávida, com uma barriga falsa cheia de armas. Ficamos ainda mais calados e pensativos…
