Segundo dados do governo federal, produtores do município arrecadaram US$200 milhões com mais de 56 mil toneladas vendidas para o exterior no ano passado
Por: Ralph Diniz
São Sebastião do Paraíso se destacou como um dos maiores exportadores de café do Brasil em 2023, arrecadando US$ 200 milhões com 56,3 mil toneladas exportadas no último ano. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – MDIC.
Com o resultado obtido, Paraíso permanece no posto de 9º maior produtor do Brasil. Os números são praticamente os mesmos da safra anterior, de 2022, quando o município também foi destaque, atingindo um valor recorde de US$ 207,7 milhões, com a venda de 56,4 mil toneladas. Atualmente, a cidade possui cerca de 15 mil hectares de área plantada.
Leandro Cunha Galvão, coordenador do Departamento de Agronegócio da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp Agro), explica que o sucesso da cafeicultura local se deve à soma de vários fatores que criaram uma cadeia produtiva completa. “Dificilmente vamos encontrar outra cidade do nosso porte que conte o apoio de associações, cooperativas, estrutura de armazenagem, manutenção, suporte técnico e de mercado”.
Além de todo esse aparato, Galvão destaca o que ele acredita ser o grande protagonista do crescimento da produção de café no município: o produtor. “Temos grandes produtores que têm muita tradição. Eles já passaram por diversos momentos de dificuldades climáticas e de mercado. Tudo isso fez com que a nossa cafeicultura se tornasse forte, experiente e resiliente”, afirma o coordenador da Acissp Agro.
Sirlei Sanfelice, engenheira agrônoma extensionista da Emater-MG, aponta que os números obtidos por Paraíso no mercado internacional só não foram melhores em 2023 porque a última safra, que deveria ter sido alta à bianualidade do café, sofreu com as intempéries climáticas e acabou ficando aquém do esperado.
A extensionista também explica que, apesar da próxima safra ser baixa, a previsão é de que haja um ligeiro aumento em relação a 2023. Contudo, ela acredita que o estoque nacional do grão ainda opere em déficit mais uma vez. “Esse ano não terá a safra suficiente para demanda da exportação e do consumo interno”, completa.
Com a demanda maior do que a oferta, seria normal que o café brasileiro tivesse um aumento de preço no mercado, porém, Sirlei Sanfelice, que também é cafeicultora, declara que o produto ainda é submetido à pressão econômica exterior, com as guerras e os efeitos climáticos nos países compradores, fazendo com que os preços oscilem, frustrando o cafeicultor.
A receita das exportações de café na região aumentou 6,9% em 2023, alcançando US$ 260,8 milhões, o maior valor desde 1997. Conforme informações do MDIC, 72,5 mil toneladas do café regional foram exportadas. Os principais destinos incluíram Alemanha, Estados Unidos, China, Itália, Finlândia e Japão.
O Brasil registrou receita de US$ 7,22 bilhões com exportações de café entre janeiro e novembro do ano passado. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), foram exportadas cerca de 35 milhões de sacas de café no período, volume 3,2% abaixo das 36,17 milhões registradas no acumulado entre janeiro e novembro de 2022, com receitas de US$ 8,52 bilhões. Em receita cambial, a queda foi de 15,3%.
O café arábica teve participação de 78,6% nas exportações até novembro de 2023, com 27,5 milhões de sacas. Os embarques de café conilon corresponderam a 11,8% do total, com 4,13 milhões de sacas, e, com 9,6% dos embarques, o café solúvel exportou o equivalente a 3,35 milhões de sacas.
Extraído do Jornal do Sudoeste
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