Apesar de entraves logísticos, desempenho foi o segundo melhor para o mês nos últimos cinco anos; embarques de conilon e robusta seguem em destaque
Por Redação
As exportações brasileiras de café somaram 4,356 milhões de sacas de 60 kg em outubro. Gerando, assim, uma receita cambial de US$ 847,2 milhões. De antemão, o desempenho implica alta de 21,8% em volume, mas leve recuo de 2,5% em valores na comparação com o mesmo mês de 2022. Primeiramente, os dados fazem parte do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
De acordo com Márcio Ferreira, presidente da entidade, o desempenho foi “bastante positivo”. O que tornou o mês passado o segundo melhor outubro nos últimos cinco anos. O destaque mais expressivo, pois, ocorreu nos cafés conilon e robusta. Que, com 662 mil sacas enviadas ao exterior, tiveram sua segunda melhor performance para um único mês na história e cresceram 479,5% sobre outubro de 2022.
“Problemas nas safras de importantes produtores dessa variedade vêm direcionando os compradores para nossos canéforas, que seguem muito competitivos no mercado global. O próprio Vietnã e a Indonésia estão buscando nossos cafés. Com as exportações a esses países produtores avançando 565,3% e 123,2%, respectivamente, no acumulado de janeiro a outubro deste ano”, explica.
Ferreira destaca, ainda, o elevado crescimento percentual nos embarques realizados para o México. “Também importantes produtores, os mexicanos ampliaram em 432,4% as importações de nossos cafés verdes. Já adquirindo 341,5 mil sacas do produto no acumulado de 2023”, revela.
Exportação de café
Primordialmente, o presidente do Cecafé explica que o desempenho das exportações foi positivo quando se observa, ainda, a potencialização de entraves logísticos nos últimos meses. Como, por exemplo, a menor disponibilidade de contêineres. E, principalmente, atrasos recorrentes de navios e problemas na abertura de gates.
Segundo o relatório Detention Zero (DTZ), elaborado pela Ellox Digital através de parceria com o Cecafé, o índice de atrasos de navios no Porto de Santos (SP) veio se agravando gradativamente nos últimos meses. Assim, chegou a 76% em outubro, o maior percentual apurado neste ano.
“Esses problemas resultam em adiamentos regulares de embarques e pátios abarrotados de contêineres nos terminais portuários santistas. Que estão com dificuldades para receber cargas devido a limitações físicas de espaço no terminal. Com embarques volumosos e crescentes de açúcar, algodão, soja e milho no segundo semestre, por exemplo, os entraves se agravaram. E seguem causando preocupação quanto ao retorno à normalidade das operações”, analisa Ferreira.
Ele completa, inclusive, que a origem desses atrasos nos navios no Porto de Santos se deu com a ocorrência de ciclones e tempestades tropicais na Região Sul do Brasil. “Essas adversidades climáticas estão impedindo as embarcações de atracarem nos portos sulistas. O que vem causando o acúmulo de cargas nos demais portos brasileiros, como no complexo portuário santista, por exemplo”, explica.
Safra 2023/24
Desde já, com o desempenho aferido em outubro, os embarques no acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2023/24 subiram para 14,394 milhões de sacas.
Dessa forma, apresentando evolução de 16% sobre idêntico período na temporada antecedente. E registrando o segundo melhor resultado nos últimos cinco anos. Já a receita recuou 3,9% no mesmo intervalo comparativo, chegando a US$ 2,854 bilhões.
Ano civil
No acumulado de janeiro ao fim de outubro de 2023, portanto, as remessas de café do Brasil ao exterior totalizaram 30,624 milhões de sacas. Rendendo, assim, US$ 6,403 bilhões em divisas.
Entretanto, em relação à performance nos 10 primeiros meses de 2022, há quedas de 5,5% em volume. E de 16% em receita cambial. “Esse resultado provavelmente reflete os problemas logísticos que vêm crescendo gradativamente ao longo deste ano”, aponta o presidente do Cecafé.
Principais destinos
Antes de mais nada, os Estados Unidos permanecem como o principal destino dos cafés do Brasil no acumulado deste ano. Apesar de uma redução de 25% frente ao desempenho de 2022. Nesse sentido, os norte-americanos importaram 4,961 milhões de sacas. Volume que representa 16,2% dos embarques totais entre janeiro e outubro.
Em seguida, a Alemanha, com representatividade de 12,2%, adquiriu 3,748 milhões de sacas (-34,7%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 2,484 milhões de sacas (-10%). Depois Japão, com 1,883 milhão de sacas (+22,7%). E, por fim, a Bélgica, com 1,640 milhão de sacas (-34,9%).
Figurando em 10º lugar no ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil, portanto, a China se mantém como destaque positivo em 2023. Até o fim de outubro, os chineses importaram 918,9 mil sacas no período. Do mesmo modo, incrementando em 187,3% suas aquisições na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em análise por continentes, pois, o desempenho positivo de China, Japão e também da Turquia (+37,5%) favoreceram a recuperação das exportações dos cafés do Brasil à Ásia. Que avançaram 37,5% nos 10 primeiros meses de 2023 e chegaram a 6,629 milhões de sacas. O que corresponde, em suma, a 21,6% das exportações totais do produto até o momento.
Tipos de café
Acima de tudo, de janeiro ao fim de outubro de 2023, o café arábica permanece como o mais exportado. Desde já, com 24,237 milhões de sacas, o que corresponde a 79,1% do total. Ao passo que a variedade canéfora (conilon + robusta) teve o correspondente a 3,265 milhões de sacas embarcadas no intervalo. Com representatividade de 10,7%. Seguida pelo segmento do solúvel, com 3,081 milhões de sacas (10,1%), e pelo produto torrado e torrado e moído, com 41.733 sacas (0,1%).
Cafés diferenciados
Por outro lado, os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis responderam por 16,9% das exportações totais brasileiras do produto no acumulado deste ano. Portanto, com o envio de 5,183 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa, então, recuo de 9,6% frente ao registrado entre janeiro e outubro de 2022.
Definitivamente, o preço médio do produto diferenciado foi de US$ 233,20 por saca. Gerando uma receita cambial de US$ 1,209 bilhão nos 10 primeiros meses de 2023. O que corresponde, afinal, a 18,9% do obtido com os embarques totais de café. Em síntese, no comparativo anual, o valor é 25,6% inferior ao aferido em idêntico intervalo do ano passado.
Desse modo, no ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados até outubro, os EUA estão na liderança. Isso com a aquisição de 1,152 milhão de sacas, o equivalente a 22,2% do total desse tipo de produto exportado.
Fechando o top 5, aparecem Alemanha, com 788.682 sacas e representatividade de 15,2%. Em seguida, Bélgica, com 517.602 sacas (10%); Holanda (Países Baixos), com 321.996 sacas (6,2%). Por fim, o Reino Unido, com 250.925 sacas (4,8%).
Portos
Em conclusão, o complexo portuário de Santos (SP) permanece como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2023. Isso com a remessa de 22,179 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 72,4% do total.
Na sequência, aparecem os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 23,4% dos embarques ao terem remetido 7,156 milhões de sacas. E, por último, Paranaguá (PR), com a exportação de 406,4 mil sacas e representatividade de 1,3%.
Em suma, o relatório completo das exportações dos cafés do Brasil, até outubro de 2023, está disponível no site do Cecafé.
Extraído do hub do café