Espaço inaugurado nesta sexta-feira (6/10) em Belo Horizonte conta com peças que mostram a trajetória do meio rural em Minas Gerais e as perspectivas para o futuro
A história do desenvolvimento agropecuário de Minas
Gerais e do Brasil é contada nos diversos espaços do Museu Mineiro da Extensão
Rural, inaugurado nesta sexta-feira (6/10) em Belo Horizonte. Ao percorrerem o
acervo de veículos, máquinas agrícolas, móveis e diversos outros objetos, além
de fotos e maquetes, os visitantes poderão acompanhar a evolução do meio rural,
que contou com a valiosa colaboração dos extensionistas rurais, profissionais
responsáveis por levar aos moradores e trabalhadores do campo conhecimento e
tecnologias fundamentais para aumentar a produção agropecuária.
Tudo começou há 75 anos, em 1948, com a fundação da Associação de Crédito e
Assistência Rural (Acar), que posteriormente passou a se chamar Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). O cafeicultor
Luis Carlos Zanetti, de Poços de Caldas, no Sul de Minas, é testemunha da
relevância dos serviços da extensão rural. “Antes a gente praticamente não
tinha assistência técnica. E a Emater ajudou muito na implantação do arroz, do
milho, e do café aqui na região. Até hoje a Emater é muito atuante, é um dos
órgãos do governo mais importantes que a gente conhece. A empresa faz o
trabalho dela com amor e carinho e ajudou muita gente por onde passou. Essas
pessoas que trabalham na Emater são muito dedicadas”, afirma.
Outro produtor que tem boas lembranças do trabalho dos extensionistas é Antônio
Vaz Bueno, da comunidade Córrego Falso, em Divinópolis, Centro-Oeste do estado.
“A Acar foi o braço forte da evolução aqui na região, naquele ritmo de
inovação. Então, a mensagem que eu passo para a Emater é de parabéns. Todas
aquelas pessoas que seguiram as orientações da Emater não se sentiram
frustradas na produção. Elas conseguiram avançar”, conta.
Homenagem
O Museu Mineiro da Extensão Rural recebeu o nome do ex-ministro da Agricultura
Alysson Paolinelli, falecido em junho deste ano. A homenagem foi iniciativa da
diretoria executiva da Emater-MG. Ex-ministro da Agricultura entre os anos de
1974 e 1979, Alysson Paolinelli é um dos maiores nomes da agricultura mundial e
grande defensor da segurança alimentar no planeta por meio da produção
eficiente e sustentável. Engenheiro agrônomo e professor universitário, ele foi
um dos principais responsáveis pela introdução da tecnologia na produção
agrícola, contribuindo para que o Brasil se tornasse uma potência no setor, em
especial na região do Cerrado, que se tornou grande celeiro de alimentos para o
mundo.
O governador Romeu Zema, em vídeo exibido na cerimônia de inauguração do museu,
exaltou a escolha do homenageado. “É com muita satisfação que inauguramos
hoje o Museu Mineiro de Extensão Rural, que leva o nome de Alysson Paolinelli.
Esta é uma homenagem muito apropriada para um grande mineiro que nos deixou em
junho deste ano. Alysson Paolinelli sempre buscou equilibrar a produção
agrícola com a preservação do meio ambiente. No Governo de Minas, nós compartilhamos da mesma visão
de futuro. Por isso, estamos sempre trabalhando para que o estado se desenvolva
de maneira sustentável. Esse museu guarda a história pioneira do trabalho da
extensão rural para o desenvolvimento agrícola em Minas Gerais e em todo o
Brasil. Tenho certeza de que vai ser um espaço de aprendizado e
inspiração”.
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas,
Thales Fernandes, destacou o trabalho dos extensionistas rurais para o
desenvolvimento da economia do estado. “O agronegócio mineiro é um dos
principais motores da economia do estado, porque o serviço de assistência
técnica e extensão rural, iniciado em 1948 pela Acar, que deu origem à atual
Emater-MG, levou aos produtores rurais mineiros as tecnologias para aumento da
produção, a importância dos cuidados sanitários de rebanho, as técnicas para o processamento
de alimentos, dentre outras ações pioneiras. Homenagear o ex-ministro Alysson
Paolinelli, nesta iniciativa de preservação da história do agro mineiro, é
honrar todo o seu legado e esforço para que Minas e o país sejam protagonistas
na produção de alimentos”, afirmou.
O diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia, enfatizou a importância
histórica da extensão rural mineira e o legado de Paolinelli. “O museu resgata
a memória da extensão rural mineira e brasileira. É uma alegria eternizar o nome
do Alysson Paolinelli junto a esse museu. Homenagem muito apropriada ao pai da
agricultura tropical sustentável, que sempre defendeu o desenvolvimento rural
sustentável, com base na produção de alimentos para alimentar a população
mundial, aliada à preservação e conservação ambiental”, disse.
A viúva de Alysson Paolinelli, Marisa Gonzaga, participou da solenidade. Também
estiveram presentes o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, o
ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o ex-senador Arlindo
Porto, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo, a ex-secretária de
Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais Ana
Valentini, o deputado federal Nicolas Ferreira, os deputados estaduais Antônio
Carlos Arantes, Bruno Engler, Ione Pinheiro e Raul Belém, além do líder da Rede
Alysson Paolinelli de Sustentabilidade e presidente da Academia
Latino-Americana do Agronegócio (Alagro), Manoel Mário.
Espaço
O acervo do Museu Mineiro da Extensão Rural Alysson Paolinelli foi catalogado
por estudantes do curso de Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). A equipe, coordenada pelo professor e vice-diretor da Escola de Ciência
da Informação da UFMG, Jezulino Mendes Braga, também é responsável pela
narrativa do museu. Serão abordados temas como Vida no Campo; Clube 4 S,
Extensão Rural e Perspectivas Futuras.
A ideia é proporcionar uma experiência especial para os visitantes. Para contar
essa história, além de veículos, objetos e fotografias, são utilizados textos
explicativos e vídeos com depoimentos de extensionistas e produtores rurais.
Entre os destaques do acervo está o Jeep Willys MB. O veículo, de 1951,
desempenhou um papel estratégico no tempo da Acar. Com os primeiros
extensionistas a bordo, o Jeep Willys ultrapassou várias barreiras físicas para
acessar famílias que viviam em locais de difícil acesso.
Jezulino Braga destaca a originalidade do acervo do museu. “Nenhuma instituição
no Brasil possui acervo tão rico sobre o tema da extensão rural. O projeto
conceitual da exposição foi feito partindo da ideia de que os saberes dos
homens e mulheres do campo e os saberes propostos pelos técnicos e pelas
técnicas da Emater foram partilhados para a melhoria da qualidade da vida
rural. É preciso entender esse processo de partilha”, disse.
O projeto arquitetônico foi elaborado pelo arquiteto Flávio Lima, do
Departamento Técnico da Emater-MG. O espaço conta com piso antiderrapante e
antichamas. A iluminação é móvel e flexível, facilitando a adaptação de acordo
com a disposição dos objetos e fotos. O museu tem monitores instalados para a
exibição de vídeos e, na entrada, há um local reservado para a realização de
exposições temáticas e temporárias.
O Museu Mineiro da Extensão Rural Alysson Paolinelli estará aberto ao público
de segunda a sexta-feira (exceto feriados), de 13h às 17h. O endereço é o mesmo
da sede da Emater-MG, na Avenida Raja Gabaglia, número 1.626, bairro
Luxemburgo, em Belo Horizonte.
Foto: Diego Vargas/Seapa