No sistema, poda é realizada em um ano e o período posterior é reservado para o desenvolvimento vegetativo da planta; entenda as vantagens
Por Redação
A poda é um importante manejo para a manutenção e recuperação das lavouras. Há alguns anos, pois, muitos produtores estão aderindo ao Safra Zero. Ou seja, um sistema em que a poda é realizada em um ano e o ano posterior é reservado apenas para o desenvolvimento vegetativo da planta. Assim, há a ocorrência do crescimento de novos ramos para uma futura produção.
De acordo com o engenheiro agrônomo Bruno Ribeiro Santos, do Departamento Técnico da Cooxupé, o manejo é utilizado nas propriedades que visam esqueletar as lavouras sempre após as safras altas. “Em um ano o produtor vai ter carga cheia, e no outro a lavoura vai ficar sem nada, isto é, vai ter zero de carga. E isso é repetido ano sim, ano não. Dessa forma, se caracteriza o Safra Zero”, explica.
Para orientar seus cooperados, a cooperativa preparou um vídeo especial sobre o sistema e ensina como colocar o Safra Zero em prática.
Safra Zero
Antes de mais nada, esse sistema de poda tem diversas vantagens. Primeiramente, Ribeiro destaca que o cafeicultor vai colher só em lavouras com safra alta. Dessa forma, vai precisar colher menos áreas dentro da propriedade.
“Segundo, o Safra Zero aumenta significativamente a matéria orgânica das lavouras pela reciclagem do resíduo obtido nas podas constantes. E, com isso, acaba também otimizando a utilização de fertilizantes, pois um ano vai ter nada de produção, então as demandas desses fertilizantes são menores. Já no ano da carga alta, o produtor vai usar o que seria utilizado normalmente”, ressalta o engenheiro.
Além disso, o cafeicultor vai ter um controle natural e cultural de broca, porque não deixa resíduo de colheita de um ano para o outro. E isso ajuda demais no manejo como um todo, segundo Santos.
Desbrota
De antemão, no sistema de Safra Zero, a planta tem que ter uma boa arquitetura. Portanto, a desbrota tem que ser constante e com muita atenção, porque é ela quem vai determinar a vida útil das lavouras nesse tipo de poda.
“Esse sistema tem que perdurar, ou seja, durar por muitos anos, e isso depende de uma arquitetura boa da planta, que vai dar longevidade para permanecer no Safra Zero. Então, uma atenção muito grande é na desbrota”, orienta Santos.
Além disso, ele avisa que é importante o cuidado na hora de fazer a poda e a época correta. “Temos que fazer uma poda o quanto antes. É comprovado que quanto mais cedo é feita a poda, maiores são as produções. Afinal, o segredo do Safra Zero é produzir duas safras em um ano só”, define.
Produtividade
O cooperado de Campos Gerais (MG), João Paulo Rodrigues, utiliza o sistema em seu cafeeiro. Nesse sentido, ele conta que o Safra Zero é feito em uma área de 160 hectares e proporciona um escalonamento de suas lavouras.
“Para colher esses 160 hectares em um ano só, eu precisaria do dobro de maquinário que tenho. Além disso, tem a produtividade, pois o sistema me proporcionou trazer de volta produtividades em talhões que estavam depauperando”, detalha.
Em suma, o cooperado ressalta que a poda ainda melhora a arquitetura da planta, além de reduzir as pragas, como a broca. “Tenho talhões mecanizados e manuais. Usamos pouco inseticida na nossa lavoura de Safra Zero, as áreas manuais são zero inseticida. É um benefício promovido pelo manejo com o esqueletamento”, afirma.
Ademais, Rodrigues lembra que 10% de sua lavoura apresenta área manual e conseguiu uma redução de custo de colheita porque o pé está sempre cheio.
“Eu pago um valor muito menor do que se estivesse colhendo todo ano. Além disso, proporciona um ano de descanso para a lavoura, que vai ficar um tempo sem passar a colhedeira, sendo um benefício também para a planta”, finaliza o cooperado.
Para conhecer mais sobre o Safra Zero, confira o vídeo do Cooxupé em Foco.
Extraído do hub do café