Condições climáticas adversas e alto custo de produção podem impactar a produtividade do próximo ciclo
Depois de um ano de recordes para o café conilon do Brasil, as atenções do setor cafeeiro já estão todas voltadas para a safra de 2023. Entre as lideranças do setor existe um consenso de que a produtividade do conilon continuará sendo destaque nos próximos anos, não só pelo volume, mas também pela qualidade que o produto vem apresentando ao mercado.
Mas, diante das condições climáticas adversas e do alto custo de produção, para o engenheiro agrônomo e consultor, José Carlos Gava Ferrão, o próximo ciclo do conilon começa com alguns desafios para o produtor. A primeira estimativa do especialista para o ano que vem, inclusive, chama atenção, já que indicam uma produção que não deve ultrapassar 15 milhões de sacas, considerando as principais regiões produtoras do país.
De acordo com o relatório técnico divulgado por Ferrão, as fortes ventanias que passaram pelo parque cafeeiro no Espírito Santo acabaram resultando em uma intensa desfolha das plantas, o que deve impactar a produtividade da safra do ano que vem. “As lavouras tiveram desde uma única incidência de fortes ventos, até 4 incidências em muitos casos. Aliados a este fator, tivemos um ano muito frio em todos os estados produtores, o que é muito ruim e prejudicial para o conilon”, afirma o consultor.
Ainda falando sobre a saúde atual do parque cafeeiro, o analista destaca alto índice de abortamento que em boa parte das lavouras do Espírito Santo, também uma consequência dos ventos intensos, excesso de chuvas em algumas áreas e diminuição dos tratos culturais.
Alta dos insumos, no ano passado, ainda pode refletir no próximo ciclo
Há alguns anos o produtor de conilon vem sofrendo com a falta de mão de obra no estado, em 2022 o cenário não foi diferente, condição que também pode afetar o desenvolvimento do próximo ciclo. Segundo análise técnica, o café maduro e seco pé acaba resultando em um impacto muito negativo para o conilon.
A alta dos insumos, observada no ano passado, pode impactar até a safra de 2023. Mesmo com a valorização do café, que também foi observada nos últimos dois anos, Ferrão destaca que com a margem estreita, o produtor de conilon ficou desestimulado a investir, com muitos produtores optando por fazer tratos abaixo do necessário.
“Como o mercado é um mercado muito instável, o produtor não se sente seguro em investir seguramente. Tem o fator preço e tem o fator da insegurança dele achar que pode não valer apena ele investir e na hora de comercializar esse café, o valor não ser remunerativo. E isso tem feito o produtor tirar o pé do acelerador e muitos deles não tem investido o suficiente”, comenta o especialista, que afirma ainda que muitos produtores ainda estão tentando se recuperar da crise que atingiu o estado entre os anos de 2014 e 2016.
Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas
Foto: Agência Minas Gerais