Atividade foi tomada após dois anos de interrupção em função da pandemia
Com o objetivo de pacificar conflitos entre pais e mães separados ou em processo de separação, em benefício dos filhos, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Comarca de Igarapé realizou, nos dias 20 e 21 de julho, duas oficinas de parentalidade. A atividade foi retomada depois de mais de dois anos de interrupção, em razão da pandemia de covid-19.
Coordenadora do Cejusc da comarca e titular da 2ª Vara Cível, da Infância e da Juventude e Juizado Especial Criminal, a juíza Tatiane Turlalia Mota Franco Saliba conta que, para participar de oficinas de parentalidade, são convidados genitores que são partes em conflitos relacionados a guarda, ação de alimentos e processos de alienação parental, entre outros afins, e nos quais é perceptível que os filhos vêm sofreram muito com as disputas.
“Nessas situações, é especialmente difícil nosso papel de julgar porque, por mais bem fundamentadas que sejam nossas decisões, elas nem sempre conseguem solucionar os conflitos, pois elas se baseiam em aspectos puramente objetivos. Nossa sentença coloca fim àquela lide, mas depois surgem novos processos e as crianças e os adolescentes continuam sofrendo com toda a situação”, observa a magistrada.
Durante as oficinas, os pais e as mães são provocados a refletir sobre os impactos negativos que os conflitos estão causando nos filhos. “A partir disso, podem surgir composições, com as próprias partes construindo uma solução para as disputas judiciais, o que efetivamente pacifica os conflitos. Contudo, mesmo quando não é possível a composição e a extinção do processo, conseguimos plantar uma semente. A experiência é muito proveitosa”, afirma.
Momento de acolhimento
“De modo especial, dois pontos me encantam na realização das oficinas de parentalidade e divórcio. O primeiro deles é a importância do acolhimento dos pais/mães neste momento doloroso de ruptura do vínculo conjugal, pois observamos que, ao validarmos os sentimentos de dor e desamparo dos genitores, eles apresentam uma postura colaborativa na execução das atividades e exercícios propostos, bem como se revelam desejosos em exercer uma parentalidade saudável”, ressalta a servidora Vânia Alves Ramos, que é uma das instrutoras da oficina.
O segundo aspecto que a servidora destaca é que, ao abordar temas como empoderamento, empatia, comunicação não-violenta e alienação parental, a oficina proporciona aos participantes a percepção de que eles não estão sozinhos. “Além disso, eles compreendem que há formas consensuais de se solucionar o divórcio, minimizando o impacto desse evento na vida dos filhos”, acrescenta Vânia, que ministrou as oficinas dos dias 20 e 21 de julho, juntamente com a servidora Luciana Costa Rodrigues e a psicóloga Thalita Cunha de Lima.
Relatos dos genitores
“Fazemos sempre o que chamamos de check in, recepcionando a chegada dos pais e das mães. E observamos que, muitas vezes, eles chegam emocionalmente muito sobrecarregados, pois os processos judiciais são desgastantes. Eles nos trazem relatos de situações difíceis que estão vivenciando. Ao final da oficina, no momento de check out, eles nos dão um retorno muito positivo”, conta Karina Cássia Vieira, coordenadora administrativa do Cejusc de Igarapé.
De acordo com Karina, os testemunhos dos genitores que passam pela atividade caminham no sentido de expressar quão importante foi, para eles, observar que muitos outros casais separados ou em processo de separação estão passando pela mesma situação. “Eles sentem também que, nesse momento, eles não estão só e podem buscar ajuda, para atravessar tudo isso de maneira mais leve”, afirma.
Além de genitores em disputa judicial, também participaram da atividade, neste mês de julho, integrantes da rede de proteção à infância e à adolescência da comarca — representantes do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Crea) e conselhos tutelares. As oficinas também foram abertas à comunidade.
Fonte: Diretoria de Comunicação Institucional – Dircom TJMG — Unidade Fórum Lafayette (31) 3330-2800