Iniciativa é voltada exclusivamente para as mulheres que fazem parte do universo agro do Brasil
Está em fase final de preparação o Observatório das Mulheres Rurais do Brasil. Trata-se, pois, de uma iniciativa dedicada exclusivamente às mulheres que integram o agro no Brasil.
O Observatório das Mulheres Rurais do Brasil é resultado da parceria entre a Embrapa, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Será, assim, a primeira plataforma que reunirá dados, estudos, artigos, publicações, eventos e conteúdos de interesse. Envolvendo um dos segmentos mais significativos do agro nacional, presente em todas as cadeias produtivas.
O projeto
De acordo com a pesquisadora e coordenadora da ação, Cristina Arzabe, um dos principais objetivos é capturar e prospectar tendências e identificar futuros possíveis. Assim, elaborando cenários que permitam às mulheres do agro se preparar diante de potenciais desafios e oportunidades.
“Para isso, além de estarmos trabalhando de forma muito próxima com o Mapa e a FAO, também formamos uma rede interna de representantes nas unidades descentralizadas em todo o Brasil que irão contribuir com a estruturação e manutenção do observatório”, explica.
“É um esforço conjunto que visa obter uma visão sistêmica das condições das mulheres rurais e periurbanas, uma vez que temos diferentes realidades no nosso país devido às suas dimensões continentais”, completa Cristina.
Rita Milagres, secretária de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa, diz que a entidade tem grande capacidade para contribuir com o cenário em que a mulher rural está inserida.
“A partir da formação da rede e da organização do observatório exclusivamente para isso, será possível antecipar demandas que beneficiem esse segmento tão importante e ainda com tão pouca visibilidade, se considerarmos a importância delas no contexto social, econômico e ambiental brasileiro”, aponta.
Intercâmbio de informações
Para a pesquisadora Virginia Nogueira, da Sire, a organização do conteúdo do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil contribuirá, pois, com plataformas semelhantes. Mas, que englobam territórios mais amplos.
“A agregação de informações qualificadas sobre as mulheres rurais do Brasil neste observatório vai ajudar a delinear políticas públicas mais direcionadas e de mais impacto e será útil para alimentar plataformas existentes de âmbito continental ou global”, destaca.
Também integrante do projeto, a pesquisadora Helena Maria Alves, da Embrapa Café, lembra da importância de dar visibilidade às mulheres indígenas e afrodescendentes. Especialmente as que vivem e trabalham num contexto de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais, agravado pelo impacto da pandemia.
Segundo Helena, “na cadeia produtiva do café, especialmente no setor dedicado aos especiais, as mulheres que apanham o café são parte importante, senão fundamental, do processo produtivo e também precisam ser contempladas.”
Tema é essencial para FAO
De acordo com Úrsula Zacarias, ponto focal de gênero da FAO no Brasil, a igualdade é essencial para alcançar a segurança alimentar e nutricional.
Ela opina que o Observatório será um espaço relevante para a organização de dados e informações conjunturais. Bem como para a fundamentação de estudos prospectivos que apoiam a tomada de decisão e construção de ações estratégicas.
Sobre o desconhecimento da situação em que as mulheres rurais vivem e estão inseridas, Úrsula diz que ainda existem poucos dados e estatísticas organizados. Tanto no Brasil, quanto na América Latina e Caribe. Segundo a representante da FAO, “as brechas” de gênero na alimentação e na agricultura permanecem abertas.
“As mulheres, como consumidoras, tendem a ter menos segurança alimentar do que os homens em todas as regiões do mundo. Como produtoras, as mulheres rurais enfrentam mais obstáculos que os homens no acesso a recursos e serviços produtivos, tecnologia, mercado e insumos financeiros”, comenta.
Ministério da Agricultura
Para Fabiana Durgant, coordenadora-geral de Cooperativismo da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, a concepção do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, com dados dos censos agropecuários, reforça a importância de um espaço com informações que contribuam para criar e melhorar as políticas para as mulheres.
“Assim será possível ajudar no cumprimento de acordos internacionais, como os previstos na Agenda 2030”, relata.
Durgant destacou, ainda, que o Brasil e o mundo reconhecem a necessidade da busca pela igualdade de gênero. Bem como a importância das mulheres rurais para o desenvolvimento sustentável.
De acordo com ela, com as informações do Observatório, será possível consolidar o cenário agropecuário para elaborar políticas públicas e programas. “Também será possível ter uma visão mais clara da participação e da organização das mulheres no agro e como elas contribuem para o desenvolvimento sustentável”.
Fonte: Notícias da Cooxupé
Foto: Embrapa