60 anos da Sociedade dos Cegos de Franca

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Conversamos com a Cristina na Sociedade dos Cegos de Franca e conhecemos um trabalho que merece todo o nosso respeito e vale a pena conhecer.

Terceiro setor – Há quanto tempo a instituição existe? O que ela presta de serviços para os assistidos?
Cristina – A Sociedade dos cegos foi fundada em 1957. O ano passado em 13 de dezembro, dia de Santa Luzia protetora dos cegos, comemoramos 60 anos de existência. E comemoramos com uma festa muito bonita, pois vários parceiros nos ajudaram para que o evento acontecesse.

A sociedade iniciou o seu trabalho com o atendimento a pessoa com deficiência visual, e vejo que desde esta época, a associação já tinha um olhar muito promissor para estas pessoas, pois, neste tempo não se via muitos deficientes com frequência. As famílias e os próprios deficientes se escondiam dentro de suas casas. Não tinha uma convivência comunitária, eram isoladas. A instituição foi fundada com o objetivo de acolher estas pessoas. Ela teve um olhar muito promissor, papel muito importante porque já o preparava para o mercado de trabalho. Olha que tema tão atual, já naquele momento a entidade já fazia isso, alfabetizava em braile, pois a maioria dos cegos evade das escolas, não conseguem ficar. A Instituição estimulava o deficiente em suas atividades da vida diária. Hoje tem a T.O., mas naquela época não tinha, era um cego ajudando o outro. O trabalho da locomoção e mobilidade, porque o deficiente visual fica coibido de caminhar sozinho, e aqui sempre teve este estímulo.

Foi uma visão muito futurística da instituição para trabalhar isto há 60 anos. Nós vamos na contra mão do que a própria política fala, porque a inclusão é uma falácia. Houve um avanço sim, mas achar que está tudo certo porque existe a lei é uma ilusão, tem muita coisa para se fazer.

Já fizemos vários encaminhamentos. Tem muitos deficientes visuais que cursaram o ensino superior e se formaram.

 

Terceiro Setor – Ele consegue ficar independente?
Cristina – Sim. O deficiente visual não vai depender para sempre. Ele é uma pessoa comum, depois de capacitado, vive normalmente. Tem as possibilidades de constituir família, trabalhar.

Terceiro Setor – Como é o trabalho desenvolvido hoje aqui?
Cristina – A política de assistência foi se desvinculando da filantropia, temos normativas para seguir. A partir do momento que se tem um recurso destinado do setor público, tenho normativas legais, um padrão a se seguir Hoje temos um padrão definido, o que foi um salto muito qualitativo. Você tem que se enquadrar dentro de um perfil. Em 2003 recebemos o acompanhamento da ação social para identificar o nosso perfil. Então atendemos através do centro dia. Atendemos então a pessoa com todas as deficiências. São deficientes que têm uma dificuldade de realizar uma ação diária, em zona de risco, várias dependências, várias situações. A população sabe onde ir, onde procurar o atendimento. Só que também tivemos uma perda. Antes atendíamos os deficientes visuais e hoje atende quando consegue.

Para atender os deficientes contamos com o apoio de parceiros.

Terceiro Setor – Quais as atividades com os deficientes visuais aqui?
Cristina – Temos um time de Goalboll que é uma modalidade paraolímpica, e o nosso time é muito campeão. Também informática com o softer todo adaptado, o braile, estimulação visual realizado por uma pedagoga, que foi contratada com apoio de uma empresa, Sinhá Junqueira. Duas horas semanais de uma T.O.

 

Terceiro setor- O que vocês realizam de ação social para manter o atendimento aqui?
Cristina – Temos criado muitos projetos para sensibilizar os empresários da cidade. Fazemos promoções como feijoada, que vai se realizar agora dia 09 de junho (01 litro por R$25,00), temos uma cartonagem interna que montamos caixas para algumas empresas de Franca, uma atividade terapêutica e que dá um retorno financeiro para a instituição e para os próprios usuários.

Recebemos doações de outros municípios vizinhos. As doações de pessoas físicas e jurídica feitas pessoalmente, pelo fundo da criança e adolescente, e as emendas quando vem. Até agora não veio. Fazemos pizza, galinhada, bazar permanente que sempre ajuda.

Terceiro setor – Quantas pessoas compõe a equipe?
Cristina – Sou coordenadora, formada em serviço social pela Universidade Estadual Paulista UNESP Franca. A entidade atualmente conta com os seguintes profissionais: 1 psicólogo, 1 assistente social, 1 pedagoga, 1 terapeuta ocupacional, 1 educadora física, 1 assistente administrativo, 2 serviços gerais, 2 cozinheiras, 1 motorista, 1 auxiliar de motorista. Ainda conta com o voluntariado fixo: 1 professora de Braille, 1 professor de informática, 1 auxiliar de cozinha, 1 professor de música, 1 professora de inglês, 1 ajudante de bazar e eventos.

 

Terceiro setor – O que você quer deixar para os nossos leitores?
Cristina – Ás vezes, vivemos em nossa particularidade entendendo que nossa vida está sempre certa, não pensamos que podemos ser acometidos por uma situação de fragilidade. Muitas vezes não conseguimos pensar nestas pessoas mesmo, pois elas estão á margem da sociedade. Por isso eu gostaria de pedir para a sociedade olhar melhor para todas as nossas entidades, poies estaremos trabalhando em beneficio de nós mesmo. Amanhã podemos ser acometidos por algo. Que as pessoas incluam mesmo estas pessoas na sociedade.

 

Banco do Brasil – Agência 3069-4
Conta Corrente 7.818-2

 


 

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