Essa é uma história verídica daquelas que ouvimos e sentimos um leve arrepiar a correr pelo corpo. Há dois anos em uma manhã de domingo fui convidada para um evento em que um jovem rapaz compartilharia com todos os presentes seu depoimento de vida. Chegando ao local onde seria o testemunho fui recepcionada por uma moça sorridente que indicou o lugar para sentar-me
Sentei e aguardei um breve momento. Logo, um rapaz de cabelos pretos, olhos castanhos e com um sorriso genuíno no rosto adentra o salão acompanhado pelos seus pais e por seu irmão. O rapaz começa a tocar solenemente o seu teclado, o irmão e o pai o acompanham com o dedilhar do violão, o que torna a melodia ainda mais agradável aos ouvidos.
Ao terminarem de tocar a música o rapaz começa a contar a sua história que carrega consigo, um enredo revestido por momentos de dor, medo, solidão e outras sensações inexplicáveis e compreensíveis somente àqueles que não temem as lágrimas que insistem em percorrer pelo rosto.
A história que contou cheio de emoção foi a do dia que conseguiu recuperar, mesmo que de forma limitada, os movimentos de suas mãos que havia perdido junto com os seus passos ao mergulhar em um rio.
Em seus olhos era perceptível a força e a coragem que refletiam que sua fé e esperança são maiores que suas cicatrizes. Assim como, são os alicerces que lhe dão coragem e ânimo para prosseguir e compartilhar com todos que queiram ouvir sobre as pedras do caminho e a preciosidade que é a vida. O depoimento compartilhado mostrou por um lado cicatrizes e pelo outro uma história de fé que tocou indubitavelmente cada um naquele salão de uma forma especial e amistosa, com a capacidade de deixar claro, como um abraço terno, de quem realmente se preocupa com o próximo, que as cicatrizes que possuímos mostram apenas por onde passamos, mas, que estas mesmas cicatrizes não definem aonde vamos e o que seremos.
